Todo início de temporada as novelas se repetem, especulações plantadas pela imprensa, diretores e presidentes prometendo grandes craques, jovens sendo assediados pelos grandes clubes da Europa e jogadores em fim de carreira ou que não se adaptaram procurando um lugar ao sol nos clubes brasileiros, sempre visando à seleção, praias ou rodas de samba.
E é justamente nesse início de temporada que as máscaras começam a cair, as promessas de amor são trocadas pelos cifrões, a famosa mão batendo no peito troca de escudo com extrema facilidade.
Infelizmente no alto do meu gremismo confesso que sempre acreditei em algumas dessas promessas, na verdade não na promessa em si, mas na consideração pelo clube. Foram dois rudes golpes que nenhum clube deveria sofrer, ainda mais na véspera de uma estréia em Libertadores.
Não é novidade pra ninguém de quais golpes me refiro. O engraçado é que esses dois jogadores têm muito em comum. Sempre viveram um caso de amor e ódio com a torcida gremista, no caso de Ronaldinho, uma parcela – na qual eu me incluo – que acreditava quando o mesmo dizia que queria encerrar a carreira no Grêmio, que culpava sua saída devido à incompetência do então dirigente Guerreiro.
Já Jonas era um zero a esquerda antes de chegar ao Grêmio, continuou por um bom tempo assim sendo chamado inclusive de pior atacante do mundo por um jornal que um ano depois o colocaria na primeira página como grande artilheiro do campeonato brasileiro. Mas sempre teve uma fração da torcida que admirava o seu esforço, a vontade e principalmente, a humildade do jogador. Ao trocar Porto Alegre por Valencia, a humildade deu lugar aos euros e Jonas esqueceu que naquela primeira capa, ainda como pior atacante essa parte da torcida gremista o apoiou e sempre esteve ao lado durante a reviravolta em sua carreira.
Mas a minha intenção não é chorar pelo leite derramado, sei que jogadores vêm e vão, mas o Grêmio continua.
A questão é que com dois exemplos simples é possível mostrar que o amor não existe mais no futebol, como disse Pelé “agora é tudo por dinheiro”. Citei só dois exemplos do Grêmio, nem precisei ir mais a fundo, citar Ronaldo que trocou seu até então clube do coração pelo Corinthians, ou então Edmundo, multi campeão pelo palmeiras que até chorou de “emoção” quando vestiu a camisa do Corinthians, Romário consagrado no Flamengo e no Vasco, sem contar sua passagem pelo Fluminense, enfim é como disse o empresário de Thiago Neves durante as negociações na sua volta ao Brasil “Essa conversa fiada de amor ao clube não existe.”
Ao menos ainda existem raros casos de lealdade ao clube no Brasil, casos com Rogério Ceni do São Paulo e Marcos do Palmeiras, por exemplo, Ryan Giggs no Manchester United e Gerrard do Liverpool também são bons exemplos.
Bom, por fim, acho que esse texto é mais um desabafo do que propriamente uma crítica, afinal, não é novidade alguma que o futebol de hoje não passa de negócios.
Ódio ao futebol moderno.