domingo, 25 de abril de 2010

E o humor ó...

Acho incrível o ponto em que o humor brasileiro chegou. Abusam de piadas sem conteúdo e forçadas, um humor fraco que apela pro erotismo como tentativa desesperada de prender a atenção do público.

Agora, pelo que eu pude ver a nova moda é associar esse mesmo “humor” com causas ambientais; seria um sinal de melhora? Bom, pra mim é mais uma dose de hipocrisia, mais uma tentativa de chamar a atenção dos telespectadores leigos que acham o máximo o “pessoal de bom coração da TV” pedindo que o povo não jogue lixo nos rios.

Chico Anísio deve sentir uma profunda tristeza ao ver tais programas, um remake ridículo da sua boa e velha escolhinha do Professor Raimundo agora interpretada por pseudo-artistas medíocres e sem talento. Bussunda ficaria envergonhado de acompanhar o já limitado - mas que antes ainda tinha alguma graça - Casseta e Planeta, que passou de programa ousado da tradicional Rede Globo, para mais um programa do estilo “faça piadinhas e puxe o saco do chefe ao mesmo tempo”. Zacarias e Mussum devem se revirar no túmulo ao ver o que Renato Aragão e Dedé Santana tem feito com a reputação dos trapalhões, misturando jargões épicos com um programa que serve de palco pra ex-BBB’s, capas de playboy e “comediantes” sem nenhum caguete para tal.

O pior de tudo é que a guerra entre as duas maiores emissoras, Globo e Record tem frustrado ainda mais as esperanças de ligar a TV em um canal aberto e acompanhar um programa de humor refinado. Nos embalos de sábado à noite com chuva de Floripa, onde tudo é melhor que estudar, eu tive a infeliz inspiração pra criar esse texto.

Primeiro acompanhei um pouco de Zorra Total, nada de novo a mesma falta de criatividade de sempre, conseguindo inclusive estragar grandes nomes do humor como Paulo Silvino, Agildo Ribeiro, Orlando Drummond, entre outros e com a que parece ser uma estranha filosofia de Mauricio Sherman, diretor geral do programa, se algo realmente for engraçado, é sumariamente retirado das atrações.

Agora vem a parte que envolve a guerra entre as duas emissoras.

Depois de, a duras penas, ver um bom tempo de Zorra Total, lembrei que havia estreado um novo programa de humor na Record com os antigos integrantes do 5ª categoria da MTV e mais alguns humoristas que, na antiga emissora me faziam rir, Hermes e Renato, por exemplo. Entretanto, o que eu vi foi desapontante, uma tentativa de misturar CQC com Pânico na TV, mas que mais pareceu um misto de Zorra Total com Casseta e Planeta. Porém, de uma coisa eles podem se exaltar, não é qualquer programa que consegue estragar Hermes e Renato com tamanha habilidade.

Logo que terminou, mudei pra MTV pra ver como havia ficado o 5ª categoria, agora sob o comando do grupo DEZnecessários, bom, tosco é apelido, não consegui assistir tudo pra formar uma crítica melhor. O meu senso crítico já pendia pro lado do nojo, resolvi desistir de avaliar aquela cópia mesquinha do “Os improváveis”.

Ao que tudo indica, o humor no Brasil tem seguido a mesma linha da música, principalmente do rock, onde a atual geração vive à custa da nostalgia e das bandas de garagem, aqui representadas pelo Stand-Up Comedy, salvando raras exceções, CQC, por exemplo. Quanto ao resto, temos que aturar Cines e Pittys fazendo piada em rede nacional.

Enquanto isso o humor ó...

domingo, 18 de abril de 2010

Lemon juice & blues

Li uma vez, em alguma dessas frases perdidas em perfis, blogs e afins que era no mais absoluto vazio interior que os grandes gênios da literatura surgiam, nas noites em tabernas regadas a gim e uísque e ao som do piano é que as idéias brotavam, por vezes melancólicas, refletindo a escuridão que se propaga com extrema facilidade nesse vazio.

Por vezes ele me toma, é estranho, inesperado, sem um motivo aparente. Como se dia após dia uma batalha interior fosse travada, não sei ao certo quem venceu hoje, ou melhor, quem vem vencendo até agora, a sensação de ir do céu ao inferno em um piscar de olhos foi comum do início do dia até esse momento.

Mas há um lado bom, serve pra recordar que meus blues, jazz e folks sempre estão lá, me esperando, pra quando eu precisar de um bom relaxante pros ouvidos, ou talvez uma boa dose de uísque pra cobrir o vazio, é uma pena que como estudante falido que eu sou, me contento só com a primeira opção, substituindo a segunda por um suco de limão meia boca.

As únicas coisas que passam pela minha cabeça agora são os riffs e solos da guitarra hipnotizante do mestre BB King e a voz nasalada do rei Bob Dylan, por mais que eu tente filtrar os pensamentos, só o que eu sinto são arrepios e ecos de música clássica. Por um lado é até bom que só isso me venha à cabeça, não alimento um sentimento desnecessário com lembranças de um dia ruim.

Ainda bem que eu moro com dois palhaços que me botam pra cima até sem querer.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

And I'll gamble away my fright

Sempre mantive minhas opiniões acerca de temas polêmicos bem concretas, religião, credo, história, política e afins. Entretanto, um assunto sempre mexeu comigo e vem mexendo cada vez mais, destruindo o lado cético com uma sucessão de fatos que me faz rir e refletir ao mesmo tempo; o destino e suas ironias.

Muitos julgam o destino como uma questão de sorte. Não sei se concordo com isso, cada um é responsável por suas buscas e suas escolhas! Se eu fosse pensar só assim não teria nenhuma desconfiança, cairiam por terra minhas dúvidas acerca de mais esse tema e venceria meu ceticismo. Entretanto, quando o destino vem acompanhado de coincidências, em sequência, aliado de uma persistência que nunca me foi familiar, meu ceticismo é quem cai por terra.

Os últimos dias têm me deixado atordoado, tenho esquecido do mundo lá fora, meus pensamentos direcionam sempre a um mesmo ponto. Nesse meio consigo focalizar duas coisas, a dor de cada gota que tenta ultrapassar a minha garganta e o dito ponto. Se me perguntassem qual dos dois prevalece, não saberia dizer, só sei que esse ponto, aliado de uma variável me faz esquecer de tudo, da dor, dos sons, dos sentidos, enfim, do mundo a minha volta, faz com que meu tempo pare, as noites sejam intermináveis e meu sono seja deixado de lado.

Acho que essa é a primeira vez que eu começo a escrever sem ter um assunto programado, algo que eu realmente queira falar, a primeira vez que eu simplesmente abro o word e começo a escrever, jogar as palavras e deixar que tudo se encaixe inconscientemente. Talvez por isso o texto tenha saído curto e confuso. Entretanto, não quero pensar nisso agora, não quero pensar em nada inclusive, não pensar em nada, só deixar acontecer.

Pra terminar, é engraçado como algumas frases podem variar tanto de sentido, dependendo do momento de cada um, e o mais engraçado disso tudo, é que essa é mais uma das coincidências, mas que dessa vez, prefiro deixar subjetiva:
"Há vitórias que exaltam, outras que corrompem; derrotas que matam, outras que despertam.” Antoine de Saint-Exupéry.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Depois da alegria, a raiva!

Os textos relacionados à nostalgia que eu até hoje escrevi, sempre foram a respeito do lado “positivo” por assim dizer, de relembrar momentos inesquecíveis ou brincadeiras que andam se perdendo cada vez mais em um mundo onde a infância imita, ou tenta imitar a vida adulta com cada vez mais precisão. O que eu quero dizer com isso é que cada vez mais e cada vez mais cedo vejo namoradinhos, apaixonites e afins. Tudo bem até aí, quem no auge dos seus 11 anos nunca teve aquela paixão secreta, guardada a sete chaves, que quando revelada causava embaraço?

O fato é que em um mundo onde cada vez mais a mídia tenta alterar paradigmas, somado ao fato das crianças terem acesso a todo tipo de informação através de internet, falta vergonha na cara, crianças já aprendem, ou tem contato com sexo, seja pela mídia ou pelas escolas, antes mesmo de saber de onde vieram.

Pensei em regular as palavras, mas a revolta é tanta que não me importo em dizer que sinto nojo de um “novo mundo” onde a putaria e um comodismo nojento por parte da maioria dos pais reina. Um mundo onde cartinhas de amor anônimas são trocadas por “pulseirinhas do sexo”, onde não se veem mais os reais rostos das meninas que, ao invés de brincar de maquiar as bonecas, cobrem a cara com pó e rímel, sem contar nos meninos que ao invés de estarem estourando a tampa do dedão jogando futebol na rua preferem sair à caça das ditas pulseirinhas e falar de mulheres ao invés do capítulo de Dragon Ball onde o Goku vira super saiyajin.

Falo com revolta e rancor, mas não culpo as crianças por isso, culpo um mundo hipócrita que assiste calado ao nojo que anda virando a infância, a uma mídia escrota que vende a imagem da perfeição baseada em lixos pseudoculturais como novelas, reality shows e programas ridículos, nem jornais andam escapando dessa realidade escrota. Talvez alguns leiam esse texto e julguem meus ideais como ultrapassados, achem graça em toda essa piada.

Talvez essas pessoas ou essas ou quem sabe as já mães de 13 ou 14 anos ririam do meu texto até um tempo atrás, pois bem, agora talvez concordem comigo, ou, no caso do segundo link, bom, aí já foi tarde demais.

Sempre gostei de ser indireto no que eu escrevia, de botar tudo em entrelinhas, não sentia uma alegria completa com elogios a algum texto se esses mesmos elogios não viessem acompanhados de alguma observação, alguma sacada ou alguma crítica. Entretanto, hoje tentei ser o mais direto possível e não me importei se foi bem ou mal escrito, apenas desabafei.

O que me motivou a escrever, ou melhor, o que me deixou PUTO como é perceptível no texto, foram as ditas pulseirinhas, uma realidade que parecesse longe, mas que quando menos se espera aparece dentro da sua casa, no braço da sua irmã, ou da sua filha dependendo do caso.

Anda faltando o laço comer solto já que, ao que tudo indica, as “pseudocrianças” andam se achando na razão mais do que deveriam.

sábado, 3 de abril de 2010

E quem irá dizer que não existe razão?

“Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz!”
Isso nunca fez tanto sentido pra mim como nos últimos tempos, conviver com um misto de ansiedade e alegria, ao mesmo tempo que tudo vai se ajeitando. Pelo visto, Paulo Coelho acertou quando disse que se você quer muito uma coisa, o universo conspira a seu favor.

A questão é que as angústias que antes me atormentavam, aos poucos se afastam e as peças vão se encaixando lentamente, a velocidade com que isso acontece não me interessa, tenho aprendido a dar um passo de cada vez e esperar o resultado de cada um desses passos.

Confesso que tenho sonhado muito, sobre inúmeras coisas, entretanto, Raul se perguntava porque os sonhos foram feitos pra gente não viver? Engraçado que é justamente pensando nisso que eu procuro cada vez mais alimentar esses sonhos na minha teimosia de contrariar essa ideia e mostrar que desejando profundamente, nada, absolutamente nada é inalcançável, ainda mais quando “my wishes are sincere”.

Meus últimos textos vinham sendo recheados de uma melancolia disfarçada, em partes causada pelo meu vício de fazer tudo que eu quero e sinto sem medir as reais consequencias que isso pode vir a causar, mas em momento nenhum me arrependo, inclusive, se pudesse voltar no tempo faria tudo exatamente igual, afinal de contas, já diziam as avós, é errando que se aprende a acertar, e eu não sou do tipo que se contenta em aprender só o que passa através da retina.

Engraçado, antes de eu começar a escrever esse texto, era só pra ser um relato dos últimos dias, das inúmeras risadas com a gurizada em casa, das aulas pouco aproveitadas, de comprar presente pra Gabi com a Anna no centro, ou de ir no shopping com a Pri pra comprar roupa pra mim e ficar boa parte do tempo segurando blusas e bolsas pra ela! Haha
Até detalharia tudo isso, mas é o tipo de coisa que eu precisaria de mais um texto, como são duas da manhã, deixo pra próxima. O que não pode faltar é um pequeno, porém essencial, relato desses dois últimos dias que mexeram muito comigo.

Foram poucas as vezes em que eu realmente me empolguei na hora de voltar pra casa, mas dessa vez foi diferente. Ao mesmo tempo que eu - em momento algum - queria sair daquele ônibus e aceitar que a viagem tinha chegado ao fim, de sentir aquele friozinho gostoso e ficar praticamente a noite toda acordado sem a mínima vontade de dormir, usando toda força do mundo pra manter meus olhos abertos e não desperdiçar nem um minuto se quer, eu também queria chegar, dar um aperto de mão e um abraço no meu pai, mesmo sabendo que ele não tem muito jeito pra isso, de abraçar minha mãe com toda força sentindo aquele aconchego e aquele calor materno típico, ou então de acordar com beijos a minha “irmãzinha” e entregar pra ela o presente de Páscoa reparando bem em cada movimento facial, em cada brilho no olho ou vermelho nas bochechas de quando eu falei “é, pelo visto tu nem vai querer tirar mais, ainda mais quando eu disser quem foi que escolheu!”.

São coisas que vem mexendo mais comigo do que o habitual, sentimentos que afloram com mais facilidade. Não sei qual a causa, mas me agrada, não pela parte de mudança de humor em si e sim pelo atual momento, só espero que ele continue, e se depender de mim, vai continuar, afinal de contas já cantava Rodolfo “Se o fogo é bom eu deixo queimar!”