Ao mesmo tempo é incrível o que a mente pode fazer quando se alinha novamente ao coração – ainda que não seja o meu caso, porque tenho certeza que vou passar por muitos momentos ruins, em que esse alinhamento vai ser impactado por fatores que eu não posso controlar, que serão alheios a minha vontade.
O fato é que as conversas que antes pareciam absurdas, como “usa esse tempo para cuidar de ti”, “dá um tempo ao tempo”, “tudo vai passar, as coisas vão se ajeitar", agora começam a fazer sentido. Mesmo que só uma semana tenha se passado desde o pior momento da minha vida, mesmo que há apenas 3 dias eu tenha um feito um texto sombrio e que representava exatamente o meu coração naquele momento. Texto esse que foi essencial para que eu conseguisse refletir e ordenar tudo que eu sentia naquela hora.
Nesse momento tão delicado é preciso ter o mesmo cuidado que o Pequeno Príncipe tem com seu planeta e arrancar os baobás, ou melhor, os pensamentos ruins e depressivos que insistem em aparecer. Se você não higienizar o coração e deixar que as raízes desses sentimentos se multipliquem, ele racha, tal qual o pequeno planeta tomado pelas plantas ruins.
Eu agora sinto uma força que não conhecia dentro de mim, como se do lodo e da escuridão uma luz começasse a brotar. Ainda não sei se o meu processo de cura iniciou, ou se é uma ínfima bonança que surge precedendo mais um dos tantos momentos de tormenta.
Fato é que aos poucos eu começo a me reerguer, aos poucos o riso fácil, a vontade de me alimentar, de abrir a janela de manhã e sentir o calor de uma vida plena começam a voltar. Eu volto, mesmo que a passos de formiga, a ser quem eu era, mas em uma versão melhorada, uma versão que entende o que se passa na cabeça de quem perdeu o que tinha de mais importante na vida, que compreende a necessidade de demonstrar o afeto em sua maneira mais pura, de não ter vergonha em demonstrar empatia sobre o sofrimento alheio.
A sensibilidade sempre retorna em mim em momentos difíceis, eu fico mais atento aos pequenos detalhes da vida, presto mais atenção às músicas que antes entravam em um ouvido e saíam no outro, sinto ainda mais vontade de demonstrar o afeto que eu tenho pelas pessoas importantes da minha vida.
No entanto, confesso que deixei que isso praticamente morresse dentro de mim, me tornei racional demais, metódico demais, robótico demais. Mas não vou deixar que isso aconteça novamente. E esse texto sempre vai estar aqui para me lembrar disso. Antes eu sentia vergonha do que tinha escrito em 2010, não vou permitir que o meu eu do futuro sinta a mesma vergonha de ter escrito essas palavras em 2019.
Eu não caí, eu despenquei, mas eu vou me reerguer. Tentando ao máximo viver um dia de cada vez, afinal de contas não existe uma fórmula mágica, um objetivo fixo, ou um destino final que traga a felicidade plena, a felicidade está justamente em percorrer o caminho, e é isso que eu vou colocar como mantra daqui para frente.
A vida segue, love will find a way.
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