domingo, 17 de novembro de 2019

Hello darkness my old friend

Pensei em várias formas de iniciar esse texto, a vontade de escrever vem de uma necessidade de organizar a minha cabeça, tentar clarear para mim mesmo o que eu estou sentindo. Mas inteligência emocional é algo complexo de se buscar em momentos de tormenta. Quando se quer eu consigo dizer o que eu estou sentindo, como vou expressar em palavras? Angústia, tristeza, dor, luto? Talvez um mix de todas essas coisas, que por fim resultam em inanição. 

A doce ilusão da melhora vem em momentos em que eu consigo ocupar a minha cabeça e desviar os pensamentos das questões que mais me afligem. No entanto, dois ou três dias sozinho, só eu e meus pensamentos, são suficientes para que tudo desande, para que a sensação de vazio volte a ocupar o meu dia a dia. 

A luta contra a minha ansiedade é complexa, difícil, exige uma resiliência que eu desconhecia dentro de mim. Afastar pensamentos ruins tem sido meu passatempo nos últimos dias, lutar contra a imaginação, contra perguntas retóricas, as quais eu não quero saber a resposta, tenho medo. 

Mas é preciso lutar. Seria muito mais fácil me dopar, dormir o dia todo e só acordar quando houvesse algo a fazer para ocupar a minha cabeça. Mas esse não sou eu. Não que nesse momento eu saiba exatamente quem eu sou, porque a confusão que se estabelece dentro de mim me deixa em dúvidas sobre absolutamente tudo. É fato que eu não sou mais quem eu era, mas sigo na tentativa de juntar os pedaços e me tornar melhor, mais forte e mais preparado para responder as vicissitudes da vida. 

Eu só quero que tudo isso passe, que a minha vida volte ao normal e que eu possa sorrir de verdade, refletir externamente as sensações e o bem-estar internos que sempre fizeram parte de mim. Atualmente esse sorriso é carregado de dor e de aflição, de uma escuridão que já me habitou, por pouco tempo, mas habitou e que infelizmente surge novamente, mais forte do que nunca.

Espero que o sentido da montanha russa se inverta novamente e volte a ser ascendente, para que essa velha “amiga” seja substituída por luz, afinal de contas, por fim tudo é uma piada... eu só quero que volte a ter graça novamente. 

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

And if you fall, get up!

A mente sempre foi e sempre será refém do coração, é básico... instintivo. Por mais racional que alguém seja, eu duvido muito que em momentos de crise emocional, a cabeça, antes tão pensante, tão preto no branco, tão “matemática”, consiga remontar aquilo que se despedaçou por dentro. O fator passional é forte, quase incontrolável e conduz aos piores pensamentos. Ele faz uma cabeça, que antes funcionava em modo binário (ou 0 ou 1), agir de maneira impulsiva, perder completamente o prumo.

Ao mesmo tempo é incrível o que a mente pode fazer quando se alinha novamente ao coração – ainda que não seja o meu caso, porque tenho certeza que vou passar por muitos momentos ruins, em que esse alinhamento vai ser impactado por fatores que eu não posso controlar, que serão alheios a minha vontade. 

O fato é que as conversas que antes pareciam absurdas, como “usa esse tempo para cuidar de ti”, “dá um tempo ao tempo”, “tudo vai passar, as coisas vão se ajeitar", agora começam a fazer sentido. Mesmo que só uma semana tenha se passado desde o pior momento da minha vida, mesmo que há apenas 3 dias eu tenha um feito um texto sombrio e que representava exatamente o meu coração naquele momento. Texto esse que foi essencial para que eu conseguisse refletir e ordenar tudo que eu sentia naquela hora.

Nesse momento tão delicado é preciso ter o mesmo cuidado que o Pequeno Príncipe tem com seu planeta e arrancar os baobás, ou melhor, os pensamentos ruins e depressivos que insistem em aparecer. Se você não higienizar o coração e deixar que as raízes desses sentimentos se multipliquem, ele racha, tal qual o pequeno planeta tomado pelas plantas ruins.

Eu agora sinto uma força que não conhecia dentro de mim, como se do lodo e da escuridão uma luz começasse a brotar. Ainda não sei se o meu processo de cura iniciou, ou se é uma ínfima bonança que surge precedendo mais um dos tantos momentos de tormenta. 

Fato é que aos poucos eu começo a me reerguer, aos poucos o riso fácil, a vontade de me alimentar, de abrir a janela de manhã e sentir o calor de uma vida plena começam a voltar. Eu volto, mesmo que a passos de formiga, a ser quem eu era, mas em uma versão melhorada, uma versão que entende o que se passa na cabeça de quem perdeu o que tinha de mais importante na vida, que compreende a necessidade de demonstrar o afeto em sua maneira mais pura, de não ter vergonha em demonstrar empatia sobre o sofrimento alheio.

A sensibilidade sempre retorna em mim em momentos difíceis, eu fico mais atento aos pequenos detalhes da vida, presto mais atenção às músicas que antes entravam em um ouvido e saíam no outro, sinto ainda mais vontade de demonstrar o afeto que eu tenho pelas pessoas importantes da minha vida.

No entanto, confesso que deixei que isso praticamente morresse dentro de mim, me tornei racional demais, metódico demais, robótico demais. Mas não vou deixar que isso aconteça novamente. E esse texto sempre vai estar aqui para me lembrar disso. Antes eu sentia vergonha do que tinha escrito em 2010, não vou permitir que o meu eu do futuro sinta a mesma vergonha de ter escrito essas palavras em 2019.

Eu não caí, eu despenquei, mas eu vou me reerguer. Tentando ao máximo viver um dia de cada vez, afinal de contas não existe uma fórmula mágica, um objetivo fixo, ou um destino final que traga a felicidade plena, a felicidade está justamente em percorrer o caminho, e é isso que eu vou colocar como mantra daqui para frente. 

A vida segue, love will find a way.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Por que tudo tem que ser efêmero?

8 longos anos se passaram desde que eu não senti mais vontade de escrever. A maioria das pessoas diria que a vida tem dessas, falta tempo. Você começa a trabalhar, namorar, fazer outras atividades e acaba deixando algumas coisas de lado. Não é o meu caso

A escrita me remete a tempos difíceis, de angústia, ansiedade, sentimentos conflitantes e, principalmente, amor não correspondido. A vontade de externar em texto o meu sofrimento era um escape, um desabafo onde apenas conversar com outra pessoa não era suficiente pra expressar os sentimentos. Eu nunca fui muito de falar sobre eles, tenho medo de expor o que eu sinto, ser julgado, ou mal interpretado. Definitivamente falar sobre isso nunca foi o meu forte. Provavelmente foi por isso que eu cheguei até aqui e acho que é por isso que agora eu tenho tanto medo do futuro. 

E o que me motivou a voltar a escrever infelizmente é o retorno desses sentimentos. 

Você já se sentiu parte de outra pessoa? Como se para existir de maneira completa fosse necessário que ele ou ela estivesse ali, respirando o mesmo ar que você, preenchendo o mesmo espaço, dividindo todos os momentos da sua vida? Pois bem, meus últimos 9 anos foram assim, de uma felicidade que superava qualquer obstáculo, qualquer desafio, que bloqueava completamente essa angústia que agora retorna 10, 100 vezes mais forte do que era antes. 

O que me resta é a pergunta do título, por que tudo tem que ser efêmero? E se for, porque uma conexão tão perfeita não seguiu um mesmo caminho? Parece uma ironia da vida que uma ampulheta chegue ao final enquanto a outra só se enchia cada vez mais, beira ao sadismo.

Eu só queria acordar e ver que tudo não passou de um pesadelo. Voltar para vida que eu tanto busquei. Chega a ser engraçado que hoje em dia ainda se busque a estabilidade, o sonho de ter filhos, viajar, ter uma vida tranquila e envelhecer com a pessoa que você ama. Não é uma questão de trabalho, dinheiro, bens ou coisa do gênero, eu trocaria a minha vida e moraria na rua só pra poder ficar do lado da pessoa que me faz bem, porque nada, nenhum dinheiro no mundo, é capaz de arrumar o que se quebrou dentro de mim. 

Não há palavra que traga consolo, o tempo (que supostamente cura tudo) passa cada vez mais devagar e as músicas só aumentam a sensação de vazio. É como chegar num beco sem saída onde você só consegue pensar em que ponto errou no meio do caminho e como vai fazer pra sair dali. Porém, quando você para de pensar em passado e futuro, o que sobra é a sensação de impotência, de inanição, uma depressão frente a incapacidade de fazer algo. 

Relendo os meus textos do passado eu sinto uma sensação familiar, de que tudo está se repetindo, como num looping infernal. O desfecho daquela história foi feliz, e eu ria quando olhava pros meus textos melancólicos. Eu realmente espero que no futuro o amor encontre um caminho (tomara que de volta) e eu possa olhar pro passado, reler esse texto e voltar a sorrir. 

There will be an answer, let it be.


sábado, 5 de fevereiro de 2011

Sobre revoluções, oportunismo, hipocrisia e blá, blá, blás

Bom, nessas férias, com a absoluta falta do que fazer tenho acompanhado a crise no Egito, já que é só o que passa na TV ultimamente. Entretanto, uma notícia no jornal nacional de ontem, quatro de fevereiro, me deixou abismado! Brasileiros, em plena sexta feira à tarde fazendo passeatas contra o governo no Egito. Sinceramente? É muita vontade de querer aparecer.

Aos alienados que só conseguem ver o que a mídia espalha, hipócritas “antiamericanismo” que não passam um fim de semana sem comer McDonald’s que começam protestos porque acham linda a “defesa pela liberdade” e só sabem seguir a onda, saibam que o buraco é muito, mas muito mais embaixo, não se tratam de protestos contra a ditadura, ou ao menos não apenas isso.

Hosni Mubarak é um estadista internacional que mantém aceso o objetivo de buscar a paz com Israel. O principal motivo de conflitos no Egito é o fato de Mubarak reprimir grupos de oposição, especialmente o movimento Irmandade Muçulmana. O presidente não aceita a interferência da religião muçulmana nas questões de Estado.

A questão é que essa Irmandade Islâmica é um grupo extremista que sempre visa à instauração das leis islâmicas. E quem disser o contrário, coloco aqui um trecho do livro “Sobre o Islã” de Ali Kamel: “É Al-Banna quem muda o sentido da palavra “Jihad” - esforço. O “Jihad Maior”, originalmente, é o esforço interno que faz o crente para não fugir dos princípios da religião. A “Menor” é a luta DEFENSIVA contra o infiel. Não para ele, que passa a encará-la como uma luta pela restauração do que considera a verdadeira religião, recorrendo, sim, à violência também contra um governo islâmico se necessário. O lema da Irmandade, desde sempre, foi este: “Preparem-se para o Jihad e sejam amantes da morte”. Al- Banna é ninguém menos que o criador da Irmandade Islâmica.

Verdade seja dita, os EUA não querem a saída de Mubarak, o que os força a dizer isso é o bom e velho – porém vazio e sem fundamento algum – discurso de apoio a democracia, liberdade e blá blá blá. Não é interessante para os americanos que o seu principal fantoche aliado seja retirado do poder. Eles querem a saída de Mubarak, mas querem a entrada de outro capacho presidente que também seja aliado.

Entretanto, acho melhor um Egito fantoche com uma estabilidade e desenvolvimento econômico do que um Egito “Irã”.

Então, aos “revolucionários oportunistas” de São Paulo, preocupem-se com os problemas presentes aqui no Brasil que já são suficientes, se reúnam contra os aumentos de salário aprovados pelo senado, cobrem melhorias na saúde e educação, preocupem-se antes com o próprio umbigo aqui e deixem que o povo egípcio se resolva. Mais ridículo que o povo “mumificado” é o povo que acha que faz alguma coisa pelo mundo quando não consegue nem fazer frente aos problemas no próprio país.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e amor à camisa

Alguma semelhança entre os personagens do título? Bom, aparentemente nenhuma a não ser pelo fato de que só existem na imaginação das pessoas.

Todo início de temporada as novelas se repetem, especulações plantadas pela imprensa, diretores e presidentes prometendo grandes craques, jovens sendo assediados pelos grandes clubes da Europa e jogadores em fim de carreira ou que não se adaptaram procurando um lugar ao sol nos clubes brasileiros, sempre visando à seleção, praias ou rodas de samba.

E é justamente nesse início de temporada que as máscaras começam a cair, as promessas de amor são trocadas pelos cifrões, a famosa mão batendo no peito troca de escudo com extrema facilidade.

Infelizmente no alto do meu gremismo confesso que sempre acreditei em algumas dessas promessas, na verdade não na promessa em si, mas na consideração pelo clube. Foram dois rudes golpes que nenhum clube deveria sofrer, ainda mais na véspera de uma estréia em Libertadores.

Não é novidade pra ninguém de quais golpes me refiro. O engraçado é que esses dois jogadores têm muito em comum. Sempre viveram um caso de amor e ódio com a torcida gremista, no caso de Ronaldinho, uma parcela – na qual eu me incluo – que acreditava quando o mesmo dizia que queria encerrar a carreira no Grêmio, que culpava sua saída devido à incompetência do então dirigente Guerreiro.

Já Jonas era um zero a esquerda antes de chegar ao Grêmio, continuou por um bom tempo assim sendo chamado inclusive de pior atacante do mundo por um jornal que um ano depois o colocaria na primeira página como grande artilheiro do campeonato brasileiro. Mas sempre teve uma fração da torcida que admirava o seu esforço, a vontade e principalmente, a humildade do jogador. Ao trocar Porto Alegre por Valencia, a humildade deu lugar aos euros e Jonas esqueceu que naquela primeira capa, ainda como pior atacante essa parte da torcida gremista o apoiou e sempre esteve ao lado durante a reviravolta em sua carreira.

Mas a minha intenção não é chorar pelo leite derramado, sei que jogadores vêm e vão, mas o Grêmio continua.

A questão é que com dois exemplos simples é possível mostrar que o amor não existe mais no futebol, como disse Pelé “agora é tudo por dinheiro”. Citei só dois exemplos do Grêmio, nem precisei ir mais a fundo, citar Ronaldo que trocou seu até então clube do coração pelo Corinthians, ou então Edmundo, multi campeão pelo palmeiras que até chorou de “emoção” quando vestiu a camisa do Corinthians, Romário consagrado no Flamengo e no Vasco, sem contar sua passagem pelo Fluminense, enfim é como disse o empresário de Thiago Neves durante as negociações na sua volta ao Brasil “Essa conversa fiada de amor ao clube não existe.”

Ao menos ainda existem raros casos de lealdade ao clube no Brasil, casos com Rogério Ceni do São Paulo e Marcos do Palmeiras, por exemplo, Ryan Giggs no Manchester United e Gerrard do Liverpool também são bons exemplos.

Bom, por fim, acho que esse texto é mais um desabafo do que propriamente uma crítica, afinal, não é novidade alguma que o futebol de hoje não passa de negócios.

Ódio ao futebol moderno.


quinta-feira, 3 de junho de 2010

Dia quente

Tive 8 horas de viagem pra pensar em um bom começo pra esse texto, pensei em inúmeros trechos, de músicas ou livros. A cada nova música na playlist ou a cada lembrança de livro, um turbilhão de ideias passava pela minha cabeça.

Decidi não pensar nisso, não buscar trechos específicos ou citações marcantes, só fazer o que eu sempre fiz, deixar com que as ideias fluam o mais natural possível, tirar Chico Buarque, Antoine de Saint-Exupéry ou Pablo Nerruda da cabeça e concentrar no que faz meu coração vibrar, minhas próprias emoções.

Antes de começar, dei uma lida rápida no meu texto anterior; não pude evitar a risada. Rir de como o destino tem brincado comigo, fazendo com que os sonhos citados no texto anterior tenham se concretizado de uma hora pra outra me pegando de surpresa, mesmo sabendo o quanto eu batalhei pra que eles se tornassem realidade. E vieram em uma realidade tão concreta, tão palpável, que eu não consigo esconder um resquício de desconfiança. Às vezes eu ainda acho que tudo não passa de um sonho ou de uma brincadeira de mau gosto. E me divirto com isso, por saber que não se trata de nenhum dos dois.

Confesso que andei pessimista, melancólico, desapontado; sem chão. Entretanto, era justamente na queda que a minha vontade de subir se firmava. Minha vontade de levantar voo e alcançar os sonhos mais altos. Pra isso bastou esperar, afinal de contas já dizia Antoine de Saint-Exupéry: "É preciso suportar as lagartas, se desejar-mos ver as borboletas".

Entre os devaneios da viagem passada, uma sequencia de trechos não me saiu da cabeça. Enquanto eu ouvia “Let it be” e “You've Got To Hide Your Love Away” dos Beatles e “Blowin' in the wind” do mestre Bob Dylan, frases familiares ecoavam na minha mente. Frases que, aleatórias por si só já são fantásticas, mas somadas se tornavam perfeitas. “There will be an answer, let it be.” e “Love will find a way.” dos Beatles, e “The answer is blowin' in the wind.” de Bob Dylan. Entretanto, elas se repetiam como em um loop infinito na minha mente: "There will be an answer, let it be; love will find a way! Now, the answer is blowin' in the wind."

Músicas, inclusive, que vem me guiando, consolando, animando, enfim, vem se encaixando de acordo com as minhas necessidades e se tornando companheiras perfeitas desde as noites de completa alegria e êxtase como as mais recentes, até me ajudando, bloqueando o mundo a minha volta quando tudo o que eu mais queria era sumir, como as negras noites em que a batalha de egos era travada sob o som dos blues e jazz do meu mp4 somados ao barulho da água caindo.

Enfim, não é uma noite que eu geralmente tiraria pra escrever, não fiquei com a tradicional gana de transcrever os sentimentos em palavras que eu habitualmente teria, mas me vi obrigado a atualizar, não poderia deixar um texto fraco e mesquinho como o último sendo que a minha alegria vem transbordando nos últimos tempos, sendo que os antigos pontos de mínimo vem se tornando constantes pontos de máximo.

Bom, quando o negócio começa a pender pra matemática é porque ta na hora de encerrar e ir dormir.
Assim que der eu volto aqui, daqui a pouco as saudades vão pesar ainda mais e eu vou ter que escrever pra esquecer do mesmo. Haha!
Well, that’s all folks!

domingo, 23 de maio de 2010

Pontos de máximo e mínimo

Conflitos existenciais vêm tomando conta da minha cabeça, uma espécie de briga interna entre egos, onde um tenta me impor um lado melodramático de que eu tenho tentado fugir, mas que vem me sufocando, e o outro tentando me confundir pra que eu aceite a sucessão de fatos como se não fosse nada de mais, mesmo que me traga mágoa, rancor e uma tristeza generalizada. É, vem sendo um semestre de altos e baixos, ou melhor, de baixos e médios.

Não sei bem ao certo aonde isso tem me levado, mas não anda me fazendo bem, quanto mais eu tento encontrar respostas, mais me encho de perguntas e conclusões precipitadas que só me decepcionam.

Nem ligo tanto pro fato de me decepcionar, já me habituei; me habituei a ter que lutar e perder batalhas, é uma questão de sentir o golpe, processar o quanto ele me afetou e saber se a guerra se perdeu ou não. Entretanto, em dias de guerra, só ataques certeiros ferem meus sonhos, até hoje, no máximo os derrubaram temporariamente.

E tudo isso se fortalece, afinal sonhos foram feitos para serem vividos e não largados em uma gaveta junto do medo; medo de arriscar ou se desapontar. Mais fácil usá-los como combustível, mantendo acesa uma chama no coração do que deixá-los feridos e esquecidos em algum canto. Confesso que até tentei esquecer, mas eu me flagro o tempo todo pensando em traços que cada vez mais os fortalecem.

Pra que esses sonhos se realizem, exercito minha paciência, quase que como uma colheita; preparo o terreno, planto e aguardo pacientemente, regando e cuidando. Lutando contras as pragas que eventualmente vão tentar atrapalhar meu objetivo. Sigo aguardando e acima de tudo, em momento algum, cogito abandonar esse futuro jardim. Ao mesmo tempo, cuido para que ninguém os tente roubar, dizendo que é besteira ou me fazendo desistir, continuo seguindo aquilo que faz meu coração vibrar, meus olhos perderem o foco e minhas mãos se moverem delicada e involuntariamente.

É, acho que era isso, todas as metáforas em seus devidos lugares. Só pra constar, é bem provável que a atividade por aqui diminua consideravelmente. Meu note estragou e ainda não tem previsão de volta. Mais um dos baixos do semestre. Enfim, vou tentar manter o blog o mais ativo possível.
Well, that's all folks!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

E o ministério da saúde continua advertindo

Nunca criei nenhum post direcionado totalmente ao futebol, assunto que mais faz meu coração vibrar. Um pouco talvez porque o futebol me traz euforia, que geralmente não é o meu principal motor pra escrever por aqui. Entretanto, hoje não tive como fugir do tema.

Nesses 19 anos como torcedor do Grêmio, aprendi uma regra simples sobre o futebol tricolor, toda boa decisão vem acrescentada de uma dose extra de adrenalina e sofrimento, acompanhada de uma devastadora destruição de todas as unhas e, além é claro, de um coração batendo a mil!

Nos meus remotos tempos de ócio extremo, eu me divertia baixando clássicos como o GREnal de 1977, a batalha de La Plata, a final entre Grêmio e Peñarol da libertadores de 83 e, os meus preferidos, os jogos de ida e volta das quartas de finais da libertadores de 95 contra o Palmeiras. Jogos épicos, que eu não pude acompanhar, ou era novo de mais pra tal. Entretanto, esses jogos tornam-se apenas mais páginas na história de um Grêmio que não detêm a alcunha de imortal por acaso. Mais recentemente, episódios como a Batalha dos Aflitos, jogo digno de uma emoção única na história do futebol, ou então o Grêmio e Santos na libertadores de 2007, enfim, poderia passar o texto todo citando jogos de tirar o fôlego de qualquer amante de um bom futebol.

O que eu vi hoje foi mais um entre os tantos jogos históricos que o manto azulado proporcionou. Um jogo mágico que levou o estádio Olímpico, o Rio Grande do Sul e os tantos gremistas espalhados pelo Brasil do desespero à euforia, de um estado de melancolia total ao completo êxtase.

O Grêmio imortal mostrou a sua face novamente, a face que motiva o torcedor a entoar uma frase que deveria ser incluída no hino tricolor: “Desistir, jamais!”. Como diria Marco Couto da Rádio Band, “É o Grêmio que cala! É um Grêmio que silencia! É um Grêmio que não se entrega!”.
Hoje esse Grêmio mostrou que não se pode contar vitória antes do tempo, não se pode relaxar achando que do outro lado, os gladiadores vestindo sua armadura azul, negra e branca se dão por derrotados no começo da batalha.

Foi um jogo mágico, porém, foi apenas o primeiro jogo, uma vantagem nada confortável pra um segundo jogo sem alguns dos nossos principais guerreiros, a pressão da torcida e da mídia que cobra o futebol arte e tenta menosprezar a face, segundo eles, feia do esquadro tricolor, uma face objetiva e aguerrida como deveria ser todo jogo de futebol.

É meu Grêmio, no próximo jogo não poderás contar com as 38 mil vozes que ficaram ao teu lado cantando 90 minutos, te apoiando dentro do estádio Olímpico, ao menos não ali, na casa do adversário. Mas ainda assim, toda uma nação trajada de azul, preto e branco vai estar grudada ao radinho de pilha, ou a tela da televisão, seja no bar ou em casa, vivendo cada momento de tensão, vibrando a cada carrinho, a cada desarme, defesa ou ataque!

Não te mixa Grêmio, podemos ser campeões dessa Copa do Brasil, basta seguir lutando! O caminho até os títulos sempre foi árduo, agora não será diferente! 26/11/2005 já deixou o recado: Nunca duvide do Grêmio!


Quanto ao título: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=31326770

domingo, 25 de abril de 2010

E o humor ó...

Acho incrível o ponto em que o humor brasileiro chegou. Abusam de piadas sem conteúdo e forçadas, um humor fraco que apela pro erotismo como tentativa desesperada de prender a atenção do público.

Agora, pelo que eu pude ver a nova moda é associar esse mesmo “humor” com causas ambientais; seria um sinal de melhora? Bom, pra mim é mais uma dose de hipocrisia, mais uma tentativa de chamar a atenção dos telespectadores leigos que acham o máximo o “pessoal de bom coração da TV” pedindo que o povo não jogue lixo nos rios.

Chico Anísio deve sentir uma profunda tristeza ao ver tais programas, um remake ridículo da sua boa e velha escolhinha do Professor Raimundo agora interpretada por pseudo-artistas medíocres e sem talento. Bussunda ficaria envergonhado de acompanhar o já limitado - mas que antes ainda tinha alguma graça - Casseta e Planeta, que passou de programa ousado da tradicional Rede Globo, para mais um programa do estilo “faça piadinhas e puxe o saco do chefe ao mesmo tempo”. Zacarias e Mussum devem se revirar no túmulo ao ver o que Renato Aragão e Dedé Santana tem feito com a reputação dos trapalhões, misturando jargões épicos com um programa que serve de palco pra ex-BBB’s, capas de playboy e “comediantes” sem nenhum caguete para tal.

O pior de tudo é que a guerra entre as duas maiores emissoras, Globo e Record tem frustrado ainda mais as esperanças de ligar a TV em um canal aberto e acompanhar um programa de humor refinado. Nos embalos de sábado à noite com chuva de Floripa, onde tudo é melhor que estudar, eu tive a infeliz inspiração pra criar esse texto.

Primeiro acompanhei um pouco de Zorra Total, nada de novo a mesma falta de criatividade de sempre, conseguindo inclusive estragar grandes nomes do humor como Paulo Silvino, Agildo Ribeiro, Orlando Drummond, entre outros e com a que parece ser uma estranha filosofia de Mauricio Sherman, diretor geral do programa, se algo realmente for engraçado, é sumariamente retirado das atrações.

Agora vem a parte que envolve a guerra entre as duas emissoras.

Depois de, a duras penas, ver um bom tempo de Zorra Total, lembrei que havia estreado um novo programa de humor na Record com os antigos integrantes do 5ª categoria da MTV e mais alguns humoristas que, na antiga emissora me faziam rir, Hermes e Renato, por exemplo. Entretanto, o que eu vi foi desapontante, uma tentativa de misturar CQC com Pânico na TV, mas que mais pareceu um misto de Zorra Total com Casseta e Planeta. Porém, de uma coisa eles podem se exaltar, não é qualquer programa que consegue estragar Hermes e Renato com tamanha habilidade.

Logo que terminou, mudei pra MTV pra ver como havia ficado o 5ª categoria, agora sob o comando do grupo DEZnecessários, bom, tosco é apelido, não consegui assistir tudo pra formar uma crítica melhor. O meu senso crítico já pendia pro lado do nojo, resolvi desistir de avaliar aquela cópia mesquinha do “Os improváveis”.

Ao que tudo indica, o humor no Brasil tem seguido a mesma linha da música, principalmente do rock, onde a atual geração vive à custa da nostalgia e das bandas de garagem, aqui representadas pelo Stand-Up Comedy, salvando raras exceções, CQC, por exemplo. Quanto ao resto, temos que aturar Cines e Pittys fazendo piada em rede nacional.

Enquanto isso o humor ó...

domingo, 18 de abril de 2010

Lemon juice & blues

Li uma vez, em alguma dessas frases perdidas em perfis, blogs e afins que era no mais absoluto vazio interior que os grandes gênios da literatura surgiam, nas noites em tabernas regadas a gim e uísque e ao som do piano é que as idéias brotavam, por vezes melancólicas, refletindo a escuridão que se propaga com extrema facilidade nesse vazio.

Por vezes ele me toma, é estranho, inesperado, sem um motivo aparente. Como se dia após dia uma batalha interior fosse travada, não sei ao certo quem venceu hoje, ou melhor, quem vem vencendo até agora, a sensação de ir do céu ao inferno em um piscar de olhos foi comum do início do dia até esse momento.

Mas há um lado bom, serve pra recordar que meus blues, jazz e folks sempre estão lá, me esperando, pra quando eu precisar de um bom relaxante pros ouvidos, ou talvez uma boa dose de uísque pra cobrir o vazio, é uma pena que como estudante falido que eu sou, me contento só com a primeira opção, substituindo a segunda por um suco de limão meia boca.

As únicas coisas que passam pela minha cabeça agora são os riffs e solos da guitarra hipnotizante do mestre BB King e a voz nasalada do rei Bob Dylan, por mais que eu tente filtrar os pensamentos, só o que eu sinto são arrepios e ecos de música clássica. Por um lado é até bom que só isso me venha à cabeça, não alimento um sentimento desnecessário com lembranças de um dia ruim.

Ainda bem que eu moro com dois palhaços que me botam pra cima até sem querer.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

And I'll gamble away my fright

Sempre mantive minhas opiniões acerca de temas polêmicos bem concretas, religião, credo, história, política e afins. Entretanto, um assunto sempre mexeu comigo e vem mexendo cada vez mais, destruindo o lado cético com uma sucessão de fatos que me faz rir e refletir ao mesmo tempo; o destino e suas ironias.

Muitos julgam o destino como uma questão de sorte. Não sei se concordo com isso, cada um é responsável por suas buscas e suas escolhas! Se eu fosse pensar só assim não teria nenhuma desconfiança, cairiam por terra minhas dúvidas acerca de mais esse tema e venceria meu ceticismo. Entretanto, quando o destino vem acompanhado de coincidências, em sequência, aliado de uma persistência que nunca me foi familiar, meu ceticismo é quem cai por terra.

Os últimos dias têm me deixado atordoado, tenho esquecido do mundo lá fora, meus pensamentos direcionam sempre a um mesmo ponto. Nesse meio consigo focalizar duas coisas, a dor de cada gota que tenta ultrapassar a minha garganta e o dito ponto. Se me perguntassem qual dos dois prevalece, não saberia dizer, só sei que esse ponto, aliado de uma variável me faz esquecer de tudo, da dor, dos sons, dos sentidos, enfim, do mundo a minha volta, faz com que meu tempo pare, as noites sejam intermináveis e meu sono seja deixado de lado.

Acho que essa é a primeira vez que eu começo a escrever sem ter um assunto programado, algo que eu realmente queira falar, a primeira vez que eu simplesmente abro o word e começo a escrever, jogar as palavras e deixar que tudo se encaixe inconscientemente. Talvez por isso o texto tenha saído curto e confuso. Entretanto, não quero pensar nisso agora, não quero pensar em nada inclusive, não pensar em nada, só deixar acontecer.

Pra terminar, é engraçado como algumas frases podem variar tanto de sentido, dependendo do momento de cada um, e o mais engraçado disso tudo, é que essa é mais uma das coincidências, mas que dessa vez, prefiro deixar subjetiva:
"Há vitórias que exaltam, outras que corrompem; derrotas que matam, outras que despertam.” Antoine de Saint-Exupéry.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Depois da alegria, a raiva!

Os textos relacionados à nostalgia que eu até hoje escrevi, sempre foram a respeito do lado “positivo” por assim dizer, de relembrar momentos inesquecíveis ou brincadeiras que andam se perdendo cada vez mais em um mundo onde a infância imita, ou tenta imitar a vida adulta com cada vez mais precisão. O que eu quero dizer com isso é que cada vez mais e cada vez mais cedo vejo namoradinhos, apaixonites e afins. Tudo bem até aí, quem no auge dos seus 11 anos nunca teve aquela paixão secreta, guardada a sete chaves, que quando revelada causava embaraço?

O fato é que em um mundo onde cada vez mais a mídia tenta alterar paradigmas, somado ao fato das crianças terem acesso a todo tipo de informação através de internet, falta vergonha na cara, crianças já aprendem, ou tem contato com sexo, seja pela mídia ou pelas escolas, antes mesmo de saber de onde vieram.

Pensei em regular as palavras, mas a revolta é tanta que não me importo em dizer que sinto nojo de um “novo mundo” onde a putaria e um comodismo nojento por parte da maioria dos pais reina. Um mundo onde cartinhas de amor anônimas são trocadas por “pulseirinhas do sexo”, onde não se veem mais os reais rostos das meninas que, ao invés de brincar de maquiar as bonecas, cobrem a cara com pó e rímel, sem contar nos meninos que ao invés de estarem estourando a tampa do dedão jogando futebol na rua preferem sair à caça das ditas pulseirinhas e falar de mulheres ao invés do capítulo de Dragon Ball onde o Goku vira super saiyajin.

Falo com revolta e rancor, mas não culpo as crianças por isso, culpo um mundo hipócrita que assiste calado ao nojo que anda virando a infância, a uma mídia escrota que vende a imagem da perfeição baseada em lixos pseudoculturais como novelas, reality shows e programas ridículos, nem jornais andam escapando dessa realidade escrota. Talvez alguns leiam esse texto e julguem meus ideais como ultrapassados, achem graça em toda essa piada.

Talvez essas pessoas ou essas ou quem sabe as já mães de 13 ou 14 anos ririam do meu texto até um tempo atrás, pois bem, agora talvez concordem comigo, ou, no caso do segundo link, bom, aí já foi tarde demais.

Sempre gostei de ser indireto no que eu escrevia, de botar tudo em entrelinhas, não sentia uma alegria completa com elogios a algum texto se esses mesmos elogios não viessem acompanhados de alguma observação, alguma sacada ou alguma crítica. Entretanto, hoje tentei ser o mais direto possível e não me importei se foi bem ou mal escrito, apenas desabafei.

O que me motivou a escrever, ou melhor, o que me deixou PUTO como é perceptível no texto, foram as ditas pulseirinhas, uma realidade que parecesse longe, mas que quando menos se espera aparece dentro da sua casa, no braço da sua irmã, ou da sua filha dependendo do caso.

Anda faltando o laço comer solto já que, ao que tudo indica, as “pseudocrianças” andam se achando na razão mais do que deveriam.